terça-feira, 24 de julho de 2007

Memórias do Passado














Por vezes perco-me nas memórias do passado. Não é que o presente seja mau. Tenho momentos nos quais me sinto feliz, momentos nos quais eu ser eu, só por si, já vale a pena.
Mas as memórias vão-me agarrando. Não sei seguir sem pensar no que podia ter sido diferente, não sei viver sem desejar ter um segundo de passado a entrar pela porta aberta do futuro.
Não penso em voltar atrás pelos momentos de felicidade nem pelos de tristeza, não iria em busca das coisas boas nem das más. Queria apenas olhar para esse passado e concluir que certas coisas não podiam mesmo ter sido diferentes.
As memórias do passado surgem então como filmes. Passam à frente dos meus olhos e perco-me nelas. Por vezes, fico com medo de não conseguir fugir a tempo, de não me conseguir libertar das amarras que acompanham cada imagem e pensamento.
Temo, temo tudo isto porque, amarrada ao passado, não poderei seguir em frente, rumo a um futuro como o que desejo para mim.
Mas as memórias entram no meu sono e violando as regras, mergulham nos meus sonhos, acordam comigo, brincam ao meu ouvido e no meu olhar.
Não as mando embora, não tenho sequer coragem para o fazer porque, por melhor que seja o presente, não largo a certeza de que as coisas podiam ter sido diferentes, podiam ter acontecido de uma outra maneira, uma maneira em que não tivesse de sofrer.
E cada pessoa, cada momento, cada sentimento ou ilusão, ficam guardados nessa memória que profana os meus sonhos. Quem morreu e quem partiu está comigo mais uns segundos. Por alguns momentos, no presente, posso ter as migalhas desse passado no qual, infelizmente, não há nada que eu possa mudar.

Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet