quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Aquele anjo....
















Surgiu do nada e aproximou-se sem que o temesse. Abriu os braços e envolveu-me num falso abraço ao qual respondi apaticamente.
Tinha um rosto pálido, asas negras, sorriso inexistente. Na mão trazia um punhal. Não hesitou em cravá-lo no meu peito... subitamente senti um gosto metálico nos meus lábios e vi-o arrancar-me o coração.
Não havia medo, não havia dor! Apenas um anjo das trevas levando consigo um coração palpitante, o meu coração!
Depois, sem proferir palavra, afastou-se de mim, deixando para trás um rasto de sangue e desapareceu, deixando-me ali, deitada sobre um manto branco de seda.
Não sentia nada... não havia dor, não havia sofrimento. O anjo levara tudo isso.
(Apenas dói o coração, apenas magoa essa capacidade de amar infinitamente quem não nos ama... e agora isso acabava de vez!)
Fiquei para trás, a morrer aos poucos! O anjo levara o meu coração, eu deixara que o levasse e não me arrependi jamais de o ter feito.
Deitada, sentindo a vida desvanecer-se e a alma abandonar-me, apenas conseguia pensar na vida que tinha vivido... era sempre assim: um anjo chegava, levava o meu coração e deixava-me só, com um enorme vazio dentro de mim, a morrer aos poucos, a deixar-me ir... sozinha, tão sozinha!
Então, conformada, fechei os olhos e adormeci!

(11Fevereiro2007)
Marina Ferraz
*Imagem retirada da Internet